teste
quem somos nós.

Etc.e.tal

a profundidade dos etceteras com a precisão do tal.

O blog — uma metamorfose ambulante — que trata de entrevistar e escrever sobre o que há de melhor: palavras.


A mar.

Sabe aquelas noites em que os problemas parecem pairar no ar segurando o tempo?
E aquela necessidade de que algo aconteça, mude a maré?

Quanto mais se rema na certeza de que se faz o certo, mais devagar se anda. Na verdade quem sabe viver é o marinheiro, que, por experiência ou desilusão, já se entregou ao sabor do vento e ao humor das águas. À ele cabe curtir o visual infinito e reclamar da chuva fina.Nessa solidão de azul por cima e por baixo, um sanduíche de terra, a única companhia se chama Deus, ou à quem atribuem esta alcunha, que daqui de longe, às vezes, parece dormir no balançar ora sereno, ora de solavancos do mar.

Com certeza não sou o primeiro marujo a ter essa experiência marítima ao lado do criador, com direito a tatuagem de âncora no antebraço feita na costa indiana e tudo... O problema é que, além de me faltar fé, me faltava coragem. Coragem pra que fosse quem eu queria ser e coragem pra ser quem eu sou.

Transito nessa caótica linha tênue do que ainda não é o do que ainda quer ser, um ser na certeza de que vai chegar e na dúvida se já saiu do porto, do tudo pelo nada.

Se lançar aos braços longos do mar, jogar a rede ao mar, tomar banho de mar…nadar é sempre muito complicado. Nem de cachorrinho a vida permite.

Nessas águas profundas e solitárias o céu estrelado me lembra que, como dizia algum apaixonado tendo a terra firme debaixo dos pés, ” s estrelas mais parecem furinhos por onde passam a luz nessa colcha chamada céu”. A frase traz um alívio que brisa nenhuma consegue, tenha ela o aroma da molhada terra, da úmida toalha ou do cabelo dela seco.

Quando se sonha com sereias e se acorda com seus cantos, se chega aqui, se vê que nem tudo é real a não ser a lágrima que não cai por eu já estar convencido de que, nessa circunstâncias, somente chorar não resolve nada.

E é isso que parece ser o mar: uma multidão de gotas dos choros daqueles que não conseguiram. nadaram, nadaram, e morreram na praia.
E isso também é o deserto, a falta de lágrimas.